Hora do Intervalo com Marlon Camargo
Comunicação cristã no contexto hipermoderno
Começou na segunda-feira, dia 20 de julho, no Instagram do Mundo do Marketing, a Hora do Intervalo, que traz uma programação fixa de lives para troca de experiências e análise de técnicas sobre marketing e comunicação, nos mais diversos aspectos, âmbitos e áreas de atuação.
A primeira série da Hora do Intervalo é sobre o Segmento Cristão e tem o Atos6 como apoiador. São cinco dias de encontros, às 12h30, com cerca de 40 minutos de programação, com profissionais de marketing abordando assuntos da atualidade, tendências, experiências, erros e acertos que possam inspirar, influenciar e levar importantes insights para as igrejas de todo o Brasil.
As conversas são ancoradas pela Raquel Lima, que tem mais de 20 anos de carreira. Para televisão, já foi pauteira, produtora, repórter, apresentadora e editora-chefe. Hoje, atua na gestão, consultoria e curadoria de comunicação e marketing integrado.
Você pode acompanhar a agenda de assuntos e convidados nas redes sociais do Mundo do Marketing. Se você perdeu o encontro primeiro encontro, ou quer revisar o que foi falado, confira as principais ideias e assuntos discutidos entre Raquel Lima e Marlon Camargo.
Hora do Intervalo com Marlon Camargo
No encontro de ontem, Raquel Lima recebeu Marlon Camargo para falar sobre a comunicação cristã no contexto hipermoderno.
Formando em Marketing, especializado em Publicidade e Doutor em Marketing de Conteúdo, Camargo trabalhou 15 anos em agências, principalmente voltadas para live marketing.
Ele foi o responsável por trazer a reflexão em não desvincular as estratégias do mercado secular ao fórum cristão, e que todas as ferramentas seculares podem ser utilizadas em prol de potencializar propósitos.
Importância da teoria
Marlon Camargo acredita haver um preconceito muito grande em relação à teoria: – “É quase como um sacrilégio falar de teoria, mas é a teoria que vai dar sustentação. A base de tudo que eu faço é trabalhar com comunicação estratégica, e não há estratégia se você não tiver embasamento sólido, especialmente no que diz respeito à comunicação.”
Camargo afirma que a pirâmide organizacional tem 3 níveis: o topo – estratégico, o meio – tático, e fundo – operacional, e que a maioria da comunicação, seja em igrejas, seja em organizações, é operada quase como uma linha de produção, apenas em âmbito tático e operacional, porque ninguém tem tempo de pensar e agir de forma estratégica.
Camargo afirma que a urgência de fazer gera a “nóia pela inovação”, que é a inovação só por inovar e que causa uma hiperprodutividade que não se sustenta.
Comunicação no contexto hipermoderno
Sobre comunicação no contexto hipermoderno, Camargo levanta dois outros conceitos que conversam com a hipermodernidade: Pós Modernidade e Modernidade Líquida.
Em sua própria tese, Marlon Camargo trata do sujeito hipermoderno, um sujeito com valores da modernidade exacerbada, como individualismo, emancipação e fragmentação cultural, que é consequência de uma sociedade acelerada com experiências culturais globalizadas.
“Se o sujeito moderno é um sujeito que está fragmentado culturalmente, com crise de identidade, e a marca oferece sentido na vida do sujeito, ela acaba aglutinando as pessoas e cumprindo o propósito da raiz semântica da palavra comunicação.”
A semântica da palavra comunicação é tornar algo em comum, dar um senso de comunidade. Assim, Camargo afirma que o sujeito fragmentado passa a encontrar sentido a partir da comunicação.
Em um contexto hipermoderno, as empresas buscam o lucro, mas para isso, elas precisam oferecer sentido à vida do seu público alvo. Então, elas apoiam causas potencialmente ideológicas para estruturar sentimento e trabalham a comunicação em cima disso.
Camargo alerta: – “A essência do evangelho na igreja é levar as boas novas, tem um aspecto ideológico na comunicação que nem sempre é tratado da forma como devia.”
A premissa da igreja é comunicar, mas nem sempre a área de comunicação tem a sua devida prioridade.
Camargo ainda deu uma dica para lidar com o atual cenário caótico e imprevisível: – “Primeiro ponto é acabar com essa lenda de que não tem tempo, uma vez que não é questão de não ter tempo, é questão de priorizar.”
Planejamento Estratégico
Quando questionado sobre o que ele considera indispensável no planejamento estratégico, Camargo levantou 3 passos:
- Diagnóstico;
- imersão; e
- proposta de valor ou propósito.
A imersão é o passo mais negligenciado pelas igrejas e é o que traz os insights sobre onde e como se comunicar.
Comece pelo porquê de Simon Sinek fala sobre o “círculo de ouro” – o que, como e por que – e que a maioria das instituições sabem o que fazem, como fazem, mas não sabem responder o porquê, e ter um porque muito bem resolvido ajuda a marca a saber para onde vai.
Então se você tem dúvidas de como começar a me posicionar melhor dentro das redes sociais, Camargo dá o seguinte conselho: tente desvendar qual o arquétipo da sua marca, pois quando você tem os arquétipos muito bem resolvidos, você trabalha de forma mais assertiva a sua comunicação.
Na psicologia de Jung, os arquétipos são conjuntos de padrões emocionais e comportamentais do ser humano. Camargo, então, indica o livro O Herói e o Fora da Lei, escrito por Carol S. Pearson e Margaret Mark, que traz os princípios de como aplicar os arquétipos de Jung para dentro de uma marca.
Comunicação no digital
Uma das coisas que mais se busca dentro do digital é a autenticidade e, para Camargo, “essa autenticidade se dá muito quando você sabe quem você é o que você quer comunicar.”
A estratégia de comunicação do pastor Luciano Subirá e da Comunidade Alcance é baseada no arquétipo do sábio. O sábio, por exemplo, não opera na lógica de ter mais visualizações nas redes sociais, opera-se na lógica de marca, no posicionamento claro.
Camargo argumenta que não se deve usar a estratégia de sensacionalismo da televisão no ambiente digital. Ele afirma: “não é sobre quantos inscritos você tem, é sobre quão relevante você é para o seu micro nicho.”
Camargo, então, traz os 3 pilares fundamentais para a comunicação no ambiente digital, que são base da sua tese:
1. Estrutura de conteúdo
Baseada na produção de conteúdo consistente e recorrente.
2. Autonomia sobre a vinculação
Há uma euforia muito grande com as redes sociais. A audiência da sua igreja está no seu próprio templo, então é essencial trabalhar sua mídia própria, como site, e-mail marketing e blog.
3. Discurso/praxis de acordo com a estrutura de sentimento de um período
Vivemos em um contexto em que se vive muito o discurso e não se vive a materialidades das coisas. Então, o seu discurso deve gerar conexão com as pessoas e ser vivencial.
O Nicho Cristão
Para Camargo, não existe dicotomia entre mercado secular e cristão, existe apenas mundo. É necessário distinguir a Igreja institucional e Igreja corpo de Cristo. Ou seja, trabalhar a instituição de forma estratégica para que ela possa levar as boas novas do evangelho.
Camargo aponta dois erros na igreja como instituição: às vezes, as igrejas reproduzem o que os outros estão fazendo sem pensar no propósito da marca e demoram para captar essas transformações do ambiente.
É preciso, então, que os pastores e líderes despertem para pensar estrategicamente e saibam ressignificar a existência a partir do ambiente que a gente vive, sem ir pela lógica do espetáculo e esquecer o principal: orar e buscar a Deus.
Mensagem Final
Marlon Camargo deixou uma mensagem final: sejam intencionais!
“Quando eu penso em planejamento estratégico, eu penso em sempre ser intencional naquilo que vou fazer.” Camargo ainda acrescentou: “Ao invés de usar a palavra estratégia, a gente pode usar essa noção de ser intencional naquilo que a gente vai fazer.”
Hora do intervalo
Não perca toda a programação da Hora do Intervalo e compartilhe com quem também se interessa em Marketing e Comunicação de igrejas. Você consegue ver tudo que foi discutido no IGTV do Mundo do Marketing.