Uma breve história da música e sua relação com a Igreja | Especial Dia Mundial da Música

A música sempre esteve presente na história da Igreja. Inclusive, foi a Igreja a responsável por impulsioná-la e patrociná-la ao longo dos anos. Desde os primeiros séculos, os monges em seus mosteiros estudavam a música. Ao mesmo tempo, a Igreja investia nas artes e na cultura, de forma que a música estava sempre presente nas cerimônias religiosas.
Nas escrituras, podemos enxergar a música enquanto criação de Deus e presente desde o começo do mundo. Veja o que diz no livro de Jó:
“Na manhã da criação, as estrelas cantavam em coro, e os servidores celestiais soltavam gritos de alegria.” (Jó 38: 7 – NTLH).
Desde então, a música passou a fazer parte da vida das pessoas e também da vida da Igreja. Hoje em dia, todas as denominações inserem a música em alguma parte de seus cultos e programações.
Em ocasião do Dia Mundial da Música, celebrado no dia 01 de outubro, preparamos um artigo especial, em que falaremos brevemente da história da música inserida dentro da igreja e tudo o que isso significa. Boa leitura!
A música na Igreja Primitiva
No Antigo Testamento, encontramos registros e traços da música como forma de oração e adoração a Deus. Os Salmos, por exemplo, em sua grande maioria foram escritos para serem cantados e tocados com diferentes instrumentos.
No Novo Testamento, já no contexto da Igreja Primitiva e com a descida do Espírito Santo, haviam ainda muitos discípulos também judeus. E, por isso, muitas das práticas e liturgias judaicas foram preservadas, incluindo as práticas musicais.
Nas cartas de Paulo aos Efésios e aos Colossenses, podemos enxergar o apóstolo Paulo guiando os irmãos a se relacionarem entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais: “Falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor.” (Efésios 5:19).
A música na Igreja da Idade Média
Depois que o Cristianismo se estabeleceu como a religião do Estado na Roma – através do Edito de Milão pelo Imperador Constantino, em 313 dC – a igreja passou a organizar-se mais efetivamente, considerando que agora eles já podiam construir templos, capelas e lugares próprios para culto.
Como consequência, a igreja passou a dispor também de uma maior organização musical. Durante a Idade Média, o que prevalecia nas igrejas era a música vocal – o cantochão, os motetos e outros gêneros foram desenvolvidos justamente nesse período – e dessa forma, a música era entoada através de arranjos a duas, três ou até quatro vozes, formando os coros.
Ainda assim, mesmo que a música estivesse presente na comunidade cristã até então, não havia uma maneira exata de ensinar música. Afinal, os sons não tinham nem nomes, e nada era categorizado.
Foi então que um monge beneditino, chamado Guido D’Arezzo e nascido por volta de 992, criou uma maneira de escrever os sons das notas musicais, utilizando um hino daquela época, que significa “Para que teus servos possam das entranhas flautas ressoar teus feitos admiráveis, absolve o pecado desses lábios impuros, ó São João”.
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes
A partir daí, as notas ganharam nomes (as iniciais da canção referida – ut, ré, mi, fá, sol, lá, si) e as “alturas” foram estabelecidas – partindo das conotações de grave, agudo e médio – tornando possível que os estudantes aprendessem a música de uma forma teórica.
Com essa teorização, a música configurou-se definitivamente como parte da liturgia dos cultos, uma parte indispensável da vida cristã vivida dentro da igreja.
A música na Igreja da Idade Moderna
A partir do Renascimento, um grande desenvolvimento intelectual, político, filosófico e cultural (inclusive musicalmente) invadiu o mundo. E com esse desenvolvimento, novos instrumentos foram inventados, a nota “Ut” tornou-se “Dó”, os intervalos musicais foram criados, os instrumentos que já existiam foram aperfeiçoados e nós chegamos ao pentagrama – ou pauta – que conhecemos hoje.
Além disso, mesmo que as vozes continuassem sendo a principal ferramenta de louvor, instrumentos como o órgão, o cravo (antepassado do piano) e a sacabuxa (antepassado do trombone) também passaram a ser muito utilizados nas reuniões litúrgicas da Igreja.
Foi também no Renascimento, que o monge Martinho Lutero levantou-se com a Reforma Protestante, o que impactou extremamente a forma como a Igreja era organizada e a sua liturgia.
O próprio Lutero, que também era músico e casado com a musicista Katharina Von Bora, desenvolveu e contribuiu em grande parte com a música na igreja. Além de compor diversas peças musicais, Martinho também a trouxe como parte ativa e indispensável dos cultos.
Em contrapartida, no Período Barroco – que se iniciou no século XVI e se estendeu até o começo do século XVIII – deu-se o estabelecimento do tonalismo e do campo harmônico, bem como os graus e suas funções, que passaram a ocupar um papel central na música dentro das igrejas. A partir daqui, os instrumentos passaram a se destacar ainda mais.
Nesse período, grandes compositores se destacaram. Dentre eles podemos citar:
- Claudio Giovanni;
- Antonio Monteverdi;
- Antonio Vivaldi;
- Johann Sebastian Bach.
Posteriormente, já no Período Clássico, quem ganhou destaque foram claramente as grandes orquestras e a música instrumental. Aqui, as óperas e sonatas tornaram-se bastante comuns. Dentre os compositores de destaque, citamos:
- Joseph Haydn;
- Wolfgang Amadeus Mozart; e
- Ludwig Van Beethoven.
Os anos se passaram, os estilos musicais foram se modernizando e se incorporando também às igrejas, e chegamos…
A música dentro da igreja nos dias de hoje
A partir do século XX, a música só continuou avançando. Tendências como o Impressionismo, o Expressionismo, a Politonalidade, a Atonalidade, o Serialismo, dentre outras, oporam-se aos antigos estilos, abrindo espaço a novas influências musicais – jazz, blues, ragtime, são alguns exemplos.
Dessa forma, ainda novos instrumentos surgiram (bateria, baixo, entre outros), e chegamos finalmente a um ponto alto da música dentro da igreja: foi em 1922 que a Harpa Cristã foi criada, compondo uma coleção de hinos que estabeleceram o hinário oficial da Igreja Assembleia de Deus, e tendo sofrido influência do hinário Salmos e Hinos da Igreja Evangélica Fluminense (1861) e do Cantor Cristão, de 1891.
Depois, já na metade do século anterior, a música começou a tornar-se eletrônica – com o advento do microfone e dos instrumentos eletrônicos, tais como guitarra e teclado – e assim, veio se modernizando cada vez mais até chegarmos ao que ela é hoje.
Em ambiente eclesiástico, porém, havia uma certa resistência por parte dessa modernidade, e foi apenas nos anos 70, com grupos como Rebanhão, Vencedores por Cristo e Logos, que as tendências eletrônicas começaram a ser aderidas. Nos anos 80, o avanço continuou, e a música “gospel” já era bastante popular.
Os anos 90 e o neopentecostalismo só alavancaram esse gênero ainda mais, e a partir daqui, a música gospel já podia ser ouvida em diversos estilos.
A música na igreja e seus impactos
Hoje em dia, vivemos uma liberdade extremamente maior com a música dentro da igreja, em detrimento do que já passou. Ela é, em sua essência, uma arte funcional, que cumpre uma missão. A música cristã dá vida aos textos bíblicos e reafirma princípios. Serve para consolar, edificar, ensinar, levantar louvores a Deus e proporcionar momentos de comunhão entre os irmãos.
Nesse dia, podemos celebrar a música enquanto criação perfeita do Grande Artista, e agradecer a Ele por suas inúmeras bênçãos e misericórdias.
A todos os músicos e adoradores, que edificam a Igreja através dessa arte belíssima, um feliz Dia Mundial da Música.
De toda a Equipe Atos6.
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